Resenha: A Esperança - Suzanne Collins

Resenha Por: Netinho Ribeiro
Coleção: Jogos Vorazes
Título Original: Mockinjay
Título Nacional: A Esperança
Ano: 2011
Autor: Suzanne Collins
Páginas: 424
ISBN: 9788579800863
Nota: 4,2/5
Editora: Rocco

Resenhas dos Volumes Anteriores:
   1| Jogos Vorazes
   2| Em Chamas

Sinopse: Depois de sobreviver duas vezes à crueldade de uma arena projetada para destruí-la, Katniss acreditava que não precisaria mais de lutar. Mas as regras do jogo mudaram: com a chegada dos rebeldes do lendário Distrito 13, enfim é possível organizar uma resistência. Começou a revolução. A coragem de Katniss nos jogos fez nascer a esperança em um país disposto a fazer de tudo para se livrar da opressão. E agora, contra a própria vontade, ela precisa assumir seu lugar como símbolo da causa rebelde. Ela precisa virar o Tordo. O sucesso da revolução dependerá de Katniss aceitar ou não essa responsabilidade. Será que vale a pena colocar sua família em risco novamente? Será que as vidas de Peeta e Gale serão os tributos exigidos nessa nova guerra?

“... Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho dezessete anos. O meu lar é o Distrito 12. Não existe mais Distrito 12. Eu sou o tordo. Eu derrubei a Capital. O presidente Snow me odeia. Ele matou a minha irmã. Agora eu vou mata-lo. E então os Jogos Vorazes acabarão ...”

      Tudo começou com uma faísca... A revolta de uma adolescente ao ver o sofrimento que a Capital proporcionava, tanto para o seu distrito, quanto para os outros. Revolucionando o histórico dos Jogos Vorazes, o que era uma faísca se transformou em uma chama. Uma chama forte e poderosa. Uma chama, originada do desejo de liberdade do povo de Panem. Ela conseguiu. Ela conseguiu. E a chama, se transformou em um sonhador incêndio que atingiu a Capital. E agora, estão todos salvos daquele perigoso poder. As cinzas e ela. O Tordo.

      Em A Esperança, Katniss Everdeen, a garota em chamas, vencedora do 74º Jogos Vorazes, está agora morando no Distrito 13, junto com Gale, Prim, sua mãe e alguns sobreviventes do bombardeio que resultou no destruimento do Distrito 12. Plutarch, o Idealizador rebelde do 3º Massacre Quaternário, junto com Haymitch e Alma Coin, a presidente do Distrito 13, estão planejando uma imensa rebelião, que iria usar todos os 13 distritos contra a Capital, para derrubar Presidente Snow de seu trono. Para isso, eles precisam de Katniss para ser o Tordo, alter ego criado por Cinna, e que representa a rebelião, para liderar a rebelião como um símbolo a seguir.

     

“... – Está pegando fogo! - Estou gritando agora, disposta a ter certeza de que ele não perderá nenhuma palavra – Se nós queimarmos, você queimará conosco! ...”

      De primeira vista, A Esperança é muito inferior ao seu antecessor, Em Chamas, que sem nenhuma dúvida, foi um divisor de águas, tanto para Suzanne, quanto para o rumo da franquia. Diferente, dos outros dois primeiros, o livro não contém o elemento que eu mais apreciava nos outros: o elemento surpresa no final de cada capítulo. Como, no primeiro, na parte em que os Idealizadores manipulam uma parede de fogo para tirar Katniss de seu esconderijo. Essa parte se situa no final de um capítulo. Ou até mesmo quando Katniss descobre que a arena do Massacre Quaternário é um relógio. Quem não se lembra da memorável e inesquecível frase: “Tick Tock. Is A Clock”? Quando o livro finalmente vem ganhar emoção, já se passou duas partes, o que para quem não sabe, são três: As Cinzas, O Assalto e A Assassina. E cada uma contém no máximo nove capítulos.

      Mas, aí você me pergunta: A Esperança é um completo fracasso? Não. Apesar deste grande erro que a Suzanne cometeu, de colocar muito, mas muito diálogo desinteressante ao longo das duas primeiras partes, a terceira salva o livro completamente. Na terceira, A Assassina, Katniss, Peeta, Gale, Cressida e sua equipe de filmagem e Boggs e seu esquadrão finalmente partem para atacar a Capital. E é nisso que muda o livro. O jeito que a terceira parte se desenvolve é no mínimo genial. Os elementos surpresas que estavam desaparecidos durante 66,6% do livro são todos usados aqui, não somente no final de cada capítulo, mas neles todos em si. Infelizmente, fui alimentado de spoilers antes de ler o livro, mas nem isso diminui o choque de alguns acontecimentos.

     

“... Todos esses meses achando que era líquido e certo que Peeta me considerava uma pessoa maravilhosa agora fazem parte do passado. Finalmente, ele está conseguindo me ver como eu realmente sou. Violenta. Não confiável. Manipuladora. Mortífera.

      E eu o odeio por isso.”

     É bastante interessante saber que a ideia de Jogos Vorazes surgiu de um fútil zapping de canais. Essa é faísca. A ideia floresceu e virou um livro que alcançou sucesso mundial. Essa foi a chama. A ideia ganhou uma continuação superior, levando seu autor para os holofotes. O incêndio. E finalmente, a ideia se conclui. As cinzas.

     O bom de A Esperança é que ele é um desfecho razoável para a saga. Não se compara ao Em Chamas, mas, mesmo assim. É um fim digno. É bem construído e os diálogos são mais trabalhados (até demais). Os casulos foram uma ideia maravilhosa de Suzanne. E eu não sei por que, mas, no final do livro, quando Katniss e Gale já estão na Capital, me lembrei de A Menina Que Roubava Livros. Acho que foi pelo cenário invernal em que o final se passou.Apesar de achar que Suzanne não se esforçou muito para criar as duas primeiras partes, sei lá, tipo, preguiça, A Esperança se encaixa na definição de uma boa leitura.

      A trilogia se acaba. O capítulo final de uma saga sensacional e impressionante sobre liberdade finaliza-se com A Esperança, terceiro e último livro da série Jogos Vorazes, romance criado pela talentosa Suzanne Collins e que invadiu o mundo, criando legiões de fãs (ou assim melhor, tributos). A história de liberdade da jovem Katniss Everdeen finalmente tem seu fim, derrotando e criando várias esperanças em sua vida, e deixando saudade nos tributos de todo planeta. Finalmente, a chama se apaga e as cinzas se evaporam.

“... Da promessa de que a vida pode prosseguir, independentemente do quão insuportável foram as nossas perdas. Que ela pode voltar a ser boa. E somente Peeta pode me dar isso. Então, depois, quando ele sussurra:

- Você me ama. Verdadeiro ou falso?

Eu digo a ele:

- Verdadeiro.”