Resenha: A Menina Que Roubava Livros - Markus Zusak
Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler.
Resenha feita por Netinho Ribeiro
Leia a crítica do filme, A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, com Sophie Nélisse, Geoffrey Rush e Emily Watson.
Quem nunca ouviu falar desse livro que
atire a primeira pedra. Até por que ele e A
Cabana era a cara da Avon e todo mundo comprava para ficar “se passando”.
Mas foi só depois de receber uma indicação mais do que fiel que eu resolvi
parar para ler o famoso A Menina Que
Roubava Livros, do australiano Markus Zusak (Enfrentando Ruben Wolfe, Eu
Sou o Mensageiro).
Passado na Alemanha, durante a Segunda
Guerra Mundial, acompanhamos a emocionante história de Liesel Meminger. E
observação: é narrada pela própria Morte, tratada como um personagem. Sem
condições de cuidar de Liesel, sua mãe a doa e seu irmão mais novo para uma
família na cidade de Molching. Porém, o menino não sobrevive. Tentando se
encaixar na nova sociedade, Liesel descobre que é possível amar alguém em meio
a uma guerra.
“... O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo, na hora certa. A consequência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiura e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja os humanos tem o bom-senso de morrer.” Capítulo - Uma Caixa de Ferramentas, Um Homem Ensanguentado, Um Urso; Pág. 346.
Como disse antes, nunca havia me
interessado em ler ele. Achava muito modinha ou algo do tipo. Porém, quando eu
finalmente li, me surpreendi. Nunca imaginei que ele iria ser demasiado
fantástico! Sem dúvidas, Markus Zusak escreveu uma das melhores obras
bibliográficas de todos os tempos.
Contada de uma forma bastante inusitada –
pela Morte –, o livro toma caminhos jamais tomados e proporciona uma
emocionante diversão para o leitor. Sem deixar acumular muito suspense ou
expectativa, Markus – ou a Morte – já entrega logo o enredo do livro. Quem vai
morrer ou não, você já sabe antes da metade do livro. Porém, não diminui em
nada a tristeza que você sente no final do livro.
“• UMA NOTA DE SUA NARRADORA •Os seres humanos me assombram.” Capítulo - O Vigiador; Pág. 382.
O livro em si é uma crítica social
bastante determinada. Até por que, com Liesel e seus livros, podemos ver como
uma simples garota de 11-14 anos pode unir uma comunidade inteira em meio a uma
guerra. Vemos a menina crescer psicologicamente com situações sérias - como o
seu pai adotivo, Hans Hubermann, abrigar um judeu em sua própria casa.
Os personagens são muito bem construídos.
É impressionante como a nossa querida e arrogante Rosa Hubermann (a mãe adotiva
de Liesel) pode se transformar em uma mulher carinhosa e quieta como vemos ao
passar dos capítulos. Outro personagem que eu gostei muito foi Ilsa Hermann.
Ilsa é a angustiada mulher do prefeito de Molching que aos poucos vai se
enturmando com Liesel. Ilsa é uma das muitas vítimas de Liesel, a roubadora de
livros.
Porém, quem mais chama a atenção é a
própria Morte. Podemos ver seu lamentar mórbido ao comentar sobre os efeitos
colaterais de uma guerra. Ficamos sabendo de detalhes como o grande trabalho
que ela tem em carregar milhares e milhares de almas perdidas todos os dias.
Mas o mais o importante que há nesse personagem é a lição moralista que ela
aprende durante todo o livro. Podemos notar isso com as duas citações acima em
que ela fala como foi sua convivência árdua entre os humanos.
“... – Você está fedendo a cigarro e querosene. – dizia mamãe.Sentada na água, a menina imaginava o cheiro, mapeado nas roupas do pai. Mais do que tudo, era o cheiro da amizade, e ela também o sentia em si mesma. Liesel adorava aquele cheiro” Capítulo - O Cheiro de Amizade; Pág. 53.
Sem dúvidas, A Menina Que Roubava Livros fora uma experiência majestosa e sei
que todos que lerem esse livro irão
achar a mesma coisa. Markus Zusak se mostra um excelente escritor, criando esta
história tão comovente e interessante. Se você ainda não leu o livro, coloque-o
agora mesmo na sua lista de espera!